[Quem pode lucidamente ver?] (Dueto)

[Quem pode lucidamente ver?] (Dueto)

Mergulhados no caos
No olho de um furacão emocional
Quem pode lucidamente ver?

Ver o delírio que se achega?
Ah! quão bom soubéssemos qu’estaríamos num sonho
[de um pesadelo mais assustador...
No que, pela luz de tal saber, não nos amedrontaríamos por nada
Mas... é tão difícil
... inquietudes tantas
E, destarte, cremos ser real... toda e qualquer impressão mental
No que valorizamos... nossas fantasias e enganosos delírios
E assim, nos afogamos neste mar mental

Quem pode lucidamente ver?

A mente... humana
A mente... por tantas vezes... que mente
Quantas “coisas” ela cria...!
Levando-se em conta que árida nunca ela está
Não, imaginativa e fantasiosa eis qu’em tal grau se acha sempre
Mas, que ninguém a condene por criativa a qu’ela seja
Não, não e não
Ela cria, sim, coisas boas
Todavia, é um inferno quando no escuro se acha
[cria-se um círculo vicioso?

Quem pode lucidamente ver?

Pensamentos... ideias... imagens
Seriam espíritos?
Mas, neste mundo tão cético ainda há quem fale de “espíritos”?
Bem, já foi o tempo em que doença mental era rotulado
como “endemoniado”

Quem pode lucidamente ver?

Delírios!
Quem aqui nunca foi “atormentado” por um?
Na temporária perturbação d’uma hora em que não s’eperava
E perdida se fazia então, mesmo que breve, a razão!
Como que a arrancar os olhos da sensatez e da coerência
E a mente se alucina... e s’exalta
No eu roubada foi seu entendimento...
E, naquel’hora em que parada se deveria, oh! eis que age

Quem pode lucidamente ver?

Delírios!
Benditos aqueles que à alma arrebata... (e que à ela encanta)
mas, malditos os tantos que a afundam nas areias psicóticas!

“Conhecer a si mesmo”
“Saber os movimentos da própria mente”
Quem desperto aqui então sempre s’encontra?
De certa forma, nada é mais difícil se saber
Ai! Quão forte são nossos “fantasmas”!
Quanto domínio os têm sobre nós!

Quem pode lucidamente ver?

“Perca a cabeça” e desta forma... perca... tudo
Mas, será que todos que fazem “loucuras” são de fato
- sem nenhuma exceção – verdadeiramente loucas?
Isto é, todas elas?
Já não afirmava o ditado que de louco todos nós temos um pouco?
E por que fazemos “loucuras”?
Seria como uma resposta às circunstâncias?
Teriam nascidas assim?

Quem pode lucidamente ver?

A estrutura mental!
Sem dúvida, ainda uma grande incógnita não totalmente resolvida
Evoluímos, sim
Já não tanto acreditamos em demônios externos
(O que é bom começo e um largo passo)

Quem pode lucidamente ver?

Fausto de Deus e Juli Lima
[12/01/21]